China x EUA: Como a Disputa Comercial de 2025 Redesenha o Comércio Global e o Papel do Brasil

A disputa comercial e tecnológica entre Estados Unidos e China, intensificada desde 2018, evoluiu para um confronto multidimensional que vai muito além de simples tarifas. Em 2025, o que começou como uma série de medidas protecionistas transformou-se em uma verdadeira batalha pela hegemonia econômica global, reconfigurando alianças, redefinindo cadeias produtivas e criando um novo ecossistema de comércio internacional dividido em blocos de influência.

Esta nova “Guerra Fria Econômica” tem como epicentro os setores estratégicos do século XXI: semicondutores, inteligência artificial, energia limpa, biotecnologia e telecomunicações. Enquanto os EUA buscam preservar sua liderança tecnológica e industrial, a China acelera sua estratégia de autossuficiência e dominância em tecnologias emergentes. Entre essas duas superpotências, países como o Brasil encontram-se simultaneamente pressionados e cortejados, enfrentando riscos consideráveis, mas também vislumbrando oportunidades sem precedentes.

O Acirramento do Conflito: Cronologia e Medidas Recentes

Escalada Tarifária e Protecionismo Ampliado

O que começou com tarifas pontuais em 2018 evoluiu para um sistema abrangente de barreiras comerciais. Em 2025, os EUA mantêm sobretaxas que variam de 25% a 60% sobre mais de US$ 500 bilhões em produtos chineses, incluindo bens industriais, tecnológicos e de consumo. A China, por sua vez, além de aplicar tarifas retaliatórias, implementou um conjunto de barreiras não-tarifárias que dificultam o acesso de empresas americanas ao seu mercado interno.

Mais recentemente, em janeiro de 2025, os EUA ampliaram as restrições para incluir uma sobretaxa adicional de 10% sobre praticamente todas as importações de parceiros comerciais que mantêm relações estreitas com a China – incluindo o Brasil. Esta medida, justificada como “proteção à segurança nacional”, sinaliza uma nova fase do conflito, na qual terceiros países são forçados a escolher lados.

Descasamento Tecnológico (Decoupling)

Para além das tarifas, assistimos a um processo de “desacoplamento tecnológico” sem precedentes. Os EUA expandiram drasticamente as restrições à exportação de tecnologias avançadas para a China, especialmente em semicondutores, equipamentos de fabricação de chips, inteligência artificial e biotecnologia. Em outubro de 2024, foi ampliada a “lista de entidades” que não podem adquirir tecnologia americana sem licenças especiais, incluindo agora mais de 500 empresas chinesas.

A China respondeu com sua ambiciosa estratégia “Tecnologia 2035”, que direciona centenas de bilhões de dólares para desenvolver capacidades domésticas em áreas estratégicas e reduzir a dependência externa. Este programa inclui subsídios significativos a fabricantes nacionais e criação de “zonas de inovação autônoma” onde empresas chinesas operam com cadeias de suprimentos independentes do Ocidente.

Batalha por Influência Global

A disputa extrapolou o âmbito bilateral e se transformou em uma competição por influência global. A iniciativa chinesa “Nova Rota da Seda” (Belt and Road Initiative) continua expandindo sua abrangência, enquanto os EUA promovem a “Parceria para Infraestrutura e Investimento Global” (PGII) como alternativa ocidental. Ambas as potências oferecem pacotes de financiamento, acordos preferenciais e parcerias tecnológicas para atrair países em desenvolvimento para suas respectivas órbitas econômicas.

Para países emergentes como o Brasil, isto cria tanto oportunidades de financiamento quanto pressões diplomáticas crescentes. Durante a Cúpula do G20 em 2024, o Brasil foi abordado por ambas as potências com propostas de “parcerias estratégicas exclusivas” – evidenciando o desafio da neutralidade em um mundo cada vez mais polarizado.

Efeitos Globais: Reconfiguração das Cadeias de Valor

Regionalização e Nearshoring

A instabilidade geopolítica e as interrupções nas cadeias de suprimentos causadas pela disputa EUA-China aceleraram o movimento de “regionalização” da produção global. Multinacionais adotam estratégias de “China+1” ou mesmo “China+3”, distribuindo operações entre múltiplos países para mitigar riscos. O conceito de “nearshoring” ganhou força, com empresas priorizando fornecedores localizados em regiões politicamente alinhadas e geograficamente próximas.

Em 2025, uma parcela significativa das empresas globais já implementou algum nível de relocação produtiva, segundo pesquisas recentes, criando novas oportunidades para países bem posicionados em termos geográficos e políticos. Esta tendência é particularmente visível em setores como eletrônicos, farmacêuticos e automotivo.

Inflação Global e Pressões Macroeconômicas

O aumento de tarifas, combinado com a fragmentação das cadeias produtivas, gerou pressões inflacionárias persistentes na economia global. Os custos adicionais de compliance, logística e duplicação de infraestruturas industriais são repassados aos preços finais de produtos e serviços. Em economias emergentes como o Brasil, a volatilidade cambial amplifica esses efeitos, criando desafios para o controle inflacionário e a estabilidade macroeconômica.

Segundo estimativas do FMI, o impacto combinado da fragmentação comercial e tecnológica pode reduzir o PIB global em até 2,5% ao longo desta década, com países de renda média sendo particularmente afetados. A nova arquitetura do comércio internacional, marcada por blocos econômicos semi-isolados, mostra-se menos eficiente em termos de alocação de recursos, embora possa trazer ganhos em resiliência e segurança nacional.

Bifurcação de Padrões Tecnológicos

Um dos efeitos mais profundos da disputa sino-americana é a emergência de ecossistemas tecnológicos paralelos e incompatíveis. Redes 5G, protocolos de internet, sistemas de pagamento, plataformas digitais e até padrões industriais estão se dividindo em versões “ocidentais” e “orientais”, obrigando terceiros países a escolherem entre sistemas que não dialogam entre si.

Esta bifurcação impõe custos adicionais a países emergentes, que precisam manter infraestruturas duplas para interagir com ambos os blocos. No Brasil, por exemplo, instituições financeiras precisaram implementar sistemas de pagamento compatíveis tanto com o padrão SWIFT (ocidental) quanto com o CIPS (chinês), enquanto operadoras de telecomunicações mantêm redes paralelas baseadas em equipamentos de diferentes origens.

O Brasil na Encruzilhada: Danos Colaterais e Oportunidades Estratégicas

Impactos Setoriais no Brasil

Agronegócio: O Grande Beneficiário Imediato

O redirecionamento da demanda chinesa transformou radicalmente o agronegócio brasileiro. Em 2024, as exportações agrícolas para a China ultrapassaram US$ 65 bilhões, um aumento de 320% em relação a 2018, quando a guerra comercial começou. A participação brasileira nas importações chinesas de alimentos saltou para 25,2%, tornando o Brasil o principal fornecedor de produtos agrícolas da China. Soja, carnes bovina e suína, açúcar, milho e algodão lideram essa expansão.

Este boom trouxe prosperidade para regiões produtoras, mas também acelerou transformações estruturais. A crescente orientação para o mercado chinês estimulou a concentração fundiária e a especialização em commodities, em detrimento da diversificação produtiva. Ademais, a maior destinação de terras para culturas de exportação pressiona os preços domésticos de alimentos – a cesta básica apresentou aumentos significativos no Brasil entre 2022 e 2025, segundo dados do IBGE.

Os investimentos chineses no setor também se multiplicaram, com aquisições de terras, processadoras e infraestruturas logísticas. O controle chinês sobre elos estratégicos da cadeia agropecuária brasileira suscita debates sobre soberania nacional e dependência excessiva de um único mercado, especialmente considerando que a China já responde por quase 40% das exportações totais do agronegócio brasileiro.

Indústria: Entre a Concorrência Chinesa e Novas Oportunidades

Para o setor industrial brasileiro, os efeitos são mais ambíguos. Por um lado, a entrada massiva de produtos manufaturados chineses (24,2% das importações brasileiras em 2024) acirrou a concorrência no mercado doméstico. Setores como têxtil, calçados, eletroeletrônicos e bens de capital enfrentam dificuldades para competir com importados mais baratos, mesmo com a proteção de tarifas.

Por outro lado, a necessidade de diversificação produtiva das multinacionais trouxe novas fábricas para o Brasil. Empresas chinesas como BYD, GWM, Huawei e Xiaomi estabeleceram operações locais para garantir acesso ao mercado brasileiro e latino-americano, driblando tarifas e restrições americanas. A antiga fábrica da Ford em Camaçari (BA), reativada pela BYD, exemplifica esse movimento, com investimentos substanciais para produção de veículos elétricos destinados tanto ao mercado interno quanto à exportação regional.

Esta “industrialização por convite” – ainda que motivada por fatores geopolíticos externos – traz benefícios em termos de empregos, transferência tecnológica e modernização industrial. Contudo, seu caráter exógeno e dependente de decisões estratégicas estrangeiras levanta questões sobre a sustentabilidade no longo prazo.

Tecnologia e Telecomunicações: O Dilema do 5G e Além

No setor tecnológico, o Brasil enfrentou pressões crescentes para alinhar-se ao bloco ocidental, particularmente nas redes 5G. A solução híbrida adotada em 2022 – permitindo equipamentos Huawei nas redes comerciais, mas exigindo infraestrutura ocidental para comunicações governamentais – exemplifica a tentativa brasileira de manter equilíbrio entre as potências.

Contudo, à medida que a bifurcação tecnológica se aprofunda, esta posição intermediária torna-se cada vez mais difícil de sustentar. As crescentes pressões americanas para que o Brasil adote posicionamentos mais claros em questões de segurança digital ilustram como decisões aparentemente técnicas ganham dimensão geopolítica. A relutância brasileira em banir completamente fornecedores chineses gera ocasionais atritos diplomáticos com Washington, impactando a cooperação em áreas sensíveis.

Por outro lado, a colaboração com empresas chinesas garantiu acesso a tecnologias avançadas a custos mais acessíveis, permitindo a digitalização acelerada de setores como agronegócio, logística e serviços financeiros. Iniciativas de inclusão digital em parceria com empresas chinesas trazem investimentos significativos em infraestrutura digital nas regiões Norte e Nordeste – exemplificando como o país busca extrair benefícios da concorrência entre as potências.

Fricções Comerciais e Diplomáticas

Novas Barreiras às Exportações Brasileiras

A sobretaxa adicional de 10% imposta pelos EUA em 2025 sobre produtos brasileiros representa um obstáculo significativo para exportadores nacionais. Esta medida, somada às restrições já existentes sobre aço e alumínio (25% desde 2018), compromete a competitividade de produtos industrializados brasileiros no mercado americano. Setores como metalurgia, papel e celulose, calçados e produtos químicos são particularmente afetados.

A justificativa americana – de que o Brasil seria um “canal indireto” para produtos chineses – evidencia como terceiros países são progressivamente arrastados para a disputa bilateral. Para o governo brasileiro, isto levanta questões sobre a viabilidade de manter relações equilibradas com ambas as potências sem sofrer retaliações de uma ou outra.

O Brasil entre Dois Gigantes: Diplomacia Multidimensional

A posição brasileira de “não-alinhamento ativo” tornou-se cada vez mais desafiadora. Em fóruns multilaterais como OMC, G20 e BRICS, o Brasil procura manter uma abordagem pragmática, defendendo o multilateralismo e criticando tanto o protecionismo americano quanto práticas comerciais chinesas consideradas predatórias.

O fortalecimento dos BRICS, com a entrada de novos membros em 2024 e a crescente utilização de moedas locais para o comércio intra-bloco, oferece ao Brasil uma plataforma alternativa para reduzir dependências. Contudo, a ampliação da influência chinesa neste agrupamento gera preocupações de que o país possa ser visto pelo Ocidente como parte da “esfera chinesa”, comprometendo relações com parceiros tradicionais.

A recente tentativa brasileira de mediar conversações comerciais entre EUA e China durante a presidência do G20 demonstra a ambição de converter esta posição intermediária em capital diplomático. Embora tenha granjeado reconhecimento internacional, os resultados práticos foram limitados, ilustrando os constrangimentos de um país intermediário em uma disputa entre superpotências.

Estratégias Empresariais em um Mundo Fragmentado

Adaptações Necessárias para Empresas Brasileiras

Diversificação Geográfica e de Parceiros

Para mitigar riscos geopolíticos, empresas brasileiras estão adotando estratégias de diversificação de mercados e fornecedores. Companhias que dependiam exclusivamente de insumos chineses ou americanos buscam agora alternativas em terceiros países ou desenvolvem fornecedores locais. Esta “desconcentração forçada” implica custos de transição, mas cria maior resiliência no longo prazo.

Exemplos notáveis incluem a Vale, que reduziu sua dependência do mercado chinês de 60% para 47% entre 2020 e 2025, ampliando vendas para Índia, Sudeste Asiático e Europa; e a WEG, que estabeleceu cadeias de suprimentos paralelas para atender mercados americanos e chineses com componentes de diferentes origens, evitando restrições regulatórias cruzadas.

Nacionalização Estratégica e Autonomia Tecnológica

A instabilidade nas cadeias globais estimula esforços de nacionalização em setores críticos. Iniciativas governamentais de estímulo à produtividade e inovação destinam recursos significativos a projetos de desenvolvimento tecnológico nacional em áreas como semicondutores, fármacos e equipamentos médicos, buscando reduzir vulnerabilidades externas.

Empresas do setor de defesa, aeroespacial e tecnologia da informação lideram este movimento, com destaque para a Embraer, que ampliou seu programa de nacionalização de componentes críticos, e empresas de software que desenvolvem alternativas nacionais para sistemas estrangeiros em áreas sensíveis como infraestruturas críticas e segurança cibernética.

Posicionamento em Nichos Específicos

A fragmentação do comércio global cria oportunidades para posicionamento em nichos específicos. Empresas brasileiras em setores como minerais críticos (lítio, nióbio, terras raras), alimentos processados de alto valor agregado e biocombustíveis avançados encontram condições favoráveis para inserção internacional, aproveitando a busca por fornecedores alternativos tanto por chineses quanto por americanos.

A Weg, por exemplo, expandiu sua presença internacional em geração distribuída e soluções de eficiência energética, posicionando-se como fornecedor neutro em termos geopolíticos. Já a JBS desenvolveu linhas de produtos específicas para o mercado chinês, adaptadas a preferências locais e certificadas segundo normas exigidas por Pequim.

Novos Modelos de Negócio e Oportunidades Emergentes

Arbitragem Regulatória e Comercial

A divergência crescente entre padrões regulatórios americanos e chineses cria oportunidades de arbitragem para empresas bem posicionadas. Companhias com capacidade de operar em ambos os ambientes regulatórios – adaptando produtos, serviços e práticas comerciais às exigências de cada bloco – podem extrair vantagens comparativas significativas.

No setor financeiro, bancos brasileiros com presença internacional desenvolveram expertise em operações com ambos os sistemas de pagamento (SWIFT e CIPS), oferecendo serviços de intermediação para empresas que comercializam com os dois blocos. No agronegócio, certificadoras brasileiras habilitadas tanto nos EUA quanto na China facilitam exportações ao garantir compliance simultâneo com requisitos divergentes.

Plataformas de Interoperabilidade

A bifurcação tecnológica estimula o surgimento de “plataformas ponte” que permitem interoperabilidade entre ecossistemas digitais incompatíveis. Empresas brasileiras de tecnologia desenvolvem soluções que facilitam a integração entre sistemas baseados em padrões chineses e ocidentais, posicionando-se como intermediárias valiosas.

Startups nacionais atraíram mais de US$ 500 milhões em investimentos para desenvolver estas “tecnologias de interface”, particularmente em áreas como comércio eletrônico transfronteiriço, sistemas de pagamento e logística internacional. O Brasil, por sua posição comercial equilibrada, emerge como ambiente propício para testar e implementar estas inovações.

Soluções de “De-risking” para Multinacionais

Consultoras e empresas de serviços brasileiras expandem suas ofertas para incluir soluções de “de-risking” e gerenciamento de riscos geopolíticos. Com experiência em operar em ambientes complexos e instáveis, estas empresas capitalizam seu conhecimento para assessorar multinacionais na navegação do novo cenário fragmentado.

Companhias como Veirano Advogados, Prospectiva Consultoria e filiais brasileiras de consultorias globais desenvolveram unidades especializadas em gerenciamento de riscos geopolíticos, oferecendo serviços que vão desde análise de vulnerabilidades em cadeias de suprimento até estratégias de compliance com regimes regulatórios divergentes.

O Horizonte de Médio Prazo: Cenários para o Brasil

São Paulo x China x EUA

Cenário 1: Aprofundamento da Polarização

No cenário de polarização continuada, o Brasil enfrentaria crescente pressão para alinhar-se claramente a um dos blocos. Uma eventual escalada do conflito – por exemplo, envolvendo Taiwan ou outras áreas de tensão – poderia forçar países intermediários a tomarem posições definitivas, com custos significativos para quem busca manter equidistância.

Nesse cenário, o Brasil provavelmente teria que escolher entre seu principal parceiro comercial (China) e seu tradicional aliado político e tecnológico (EUA), comprometendo irreparavelmente um desses relacionamentos. A economia brasileira sofreria choques de ajustamento, com setores específicos sendo particularmente afetados dependendo da escolha: o agronegócio, no caso de alinhamento com os EUA; e a indústria de maior conteúdo tecnológico, no caso de alinhamento com a China.

Cenário 2: Acomodação e Nova Ordem Bipolar

No cenário de acomodação pragmática, EUA e China estabeleceriam “regras de engajamento” que, embora mantendo a competição estratégica, permitiriam coexistência menos conflituosa. Neste contexto, países como o Brasil poderiam manter relações produtivas com ambos os blocos, especializando-se em setores complementares e não controversos.

O Brasil se beneficiaria consolidando seu papel como “ponte confiável” entre os blocos e atraindo investimentos de ambas as potências interessadas em garantir acesso a recursos estratégicos e mercados. Esta posição intermediária seria particularmente vantajosa em setores como energia renovável, alimentos e recursos naturais, onde existem complementaridades naturais com ambas as economias.

Cenário 3: Brasil como Protagonista em um Sul Global Articulado

No cenário mais ambicioso, o Brasil lideraria esforços para articular posições comuns entre países emergentes, criando maior equilíbrio no sistema internacional. Ao coordenar posições com outras economias intermediárias (Índia, Indonésia, México, África do Sul), o país aumentaria seu poder de barganha coletivo e reduziria vulnerabilidades individuais.

A consolidação dos BRICS e de outras coalizões Sul-Sul criaria espaços de manobra que países isolados não possuem. Iniciativas como sistemas de pagamento alternativos, acordos preferenciais intra-Sul Global e desenvolvimento conjunto de tecnologias reduziriam a dependência tanto dos EUA quanto da China, permitindo uma inserção internacional mais autônoma e diversificada.

Navegando a Nova Realidade Geopolítica

A disputa comercial e tecnológica entre EUA e China não é um fenômeno passageiro, mas o definidor de uma nova era geopolítica. Para o Brasil, esta realidade impõe desafios formidáveis, mas também oferece oportunidades sem precedentes para um reposicionamento estratégico na economia global.

O sucesso neste novo ambiente dependerá da capacidade de desenvolver uma estratégia nacional coerente que equilibre pragmatismo econômico e visão de longo prazo. Isto exigirá maior coordenação entre política externa, política industrial e estratégia comercial – superando a tradicional fragmentação da ação estatal brasileira.

Para empresas, adaptabilidade e visão estratégica serão qualidades essenciais. Capacidade de avaliar riscos geopolíticos, diversificar operações e identificar nichos de oportunidade em um mundo mais fragmentado determinarão vencedores e perdedores nesta nova configuração.

Por fim, vale destacar que, embora navegue em águas turbulentas, o Brasil possui atributos que podem ser valiosos em um mundo polarizado: escala econômica significativa, relações equilibradas com múltiplos blocos, recursos naturais estratégicos e tradição diplomática baseada no diálogo. Converter estes ativos em vantagens concretas é o desafio central para o país nos próximos anos.

Um mundo mais complexo e imprevisível exige estratégias mais sofisticadas e flexíveis. Para o Brasil, isso pode significar abandonar a tradicional postura reativa em favor de uma visão proativa que identifique oportunidades na fragmentação global e posicione o país como ator influente em uma nova ordem internacional em formação. A disputa EUA-China, vista sob este prisma, não é apenas um risco a ser mitigado, mas também uma chance histórica para reconfigurar a inserção brasileira no sistema internacional do século XXI.

Newsletter

Cadastre-se em nossa newsletter para receber informações atualizadas, notícias e insights.