O ano de 2025 marca uma etapa decisiva para o comércio exterior brasileiro, com a aproximação da aprovação e assinatura de dois importantes acordos comerciais que ampliarão a presença do Brasil e do Mercosul no cenário global: o Acordo Mercosul-União Europeia e o Acordo Mercosul-EFTA. Esses tratados visam eliminar tarifas, facilitar o comércio e fomentar investimentos, abrindo acesso ampliado a grandes mercados europeus e diversificando as oportunidades para exportadores brasileiros. Porém, esses avanços também trazem desafios relativos à sustentabilidade, infraestrutura e competitividade. Neste artigo, exploramos em detalhes esses acordos, seus benefícios, os setores impactados e as perspectivas para o futuro do comércio exterior do Brasil.
O que é o Acordo Mercosul-União Europeia e sua importância para o Brasil
Histórico e panorama das negociações
Após 25 anos de negociações iniciadas em 1999, o Acordo de Livre Comércio entre Mercosul e União Europeia foi oficialmente finalizado em dezembro de 2024. Desde então, o texto passou por revisão legal e política, sendo encaminhado para votação no Parlamento Europeu em 2025, com expectativa de assinatura formal em dezembro, durante a cúpula do Mercosul em Brasília.
Principais benefícios para exportadores brasileiros
O acordo elimina as tarifas para mais de 90% dos produtos comercializados entre os blocos, promovendo a redução de barreiras tarifárias e não tarifárias. Estima-se que o Brasil ganhará mais de US$ 7 bilhões em exportações adicionais, aproveitando o acesso favorecido a um mercado com 720 milhões de pessoas e PIB combinado de US$ 22 trilhões. Produtos agrícolas como café, milho, suco de laranja e carnes, assim como produtos industrializados como aviões, calçados e móveis, terão maior competitividade.
Setores econômicos mais favorecidos
Os setores que se destacam são o agronegócio, alimentos, indústria de transformação, cosméticos, calçados, têxteis e bebidas. A indústria de transformação se beneficia pelo acesso facilitado a bens de capital e tecnologia europeia, reduzindo custos de produção.
Compromissos ambientais e impactos ESG
O acordo também traz compromissos rigorosos em sustentabilidade, com foco na redução do desmatamento, rastreabilidade produtiva e alinhamento às normas ambientais, sanitárias e de bem-estar animal exigidas pela União Europeia. Essa condição torna a conformidade ambiental fundamental para a ratificação e competitividade das exportações brasileiras.
Entenda o Acordo Mercosul-EFTA e suas oportunidades comerciais
Quem são os países do bloco EFTA
A Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) é composta por quatro países: Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. O acordo com o Mercosul foi assinado em setembro de 2025 após 14 rodadas de negociações, criando um mercado de 290 milhões de pessoas com PIB conjunto de US$ 4,39 trilhões.
Produtos e setores beneficiados pelo acordo
O tratado elimina 100% das tarifas nos setores industrial e pesqueiro desde o primeiro dia, além de concessões tarifárias em produtos agrícolas como carnes, milho, farelo de soja, frutas e sucos, ampliando as exportações brasileiras. Quase 99% das exportações brasileiras para esses países terão entrada livre de tarifas, fortalecendo a presença comercial do Brasil na Europa.
Como o acordo estimula a diversificação das exportações brasileiras
O acordo amplia a rede de parceiros comerciais em um contexto global de protecionismo, oferecendo maior segurança para as exportações brasileiras e incentivando investimentos, especialmente para pequenas e médias empresas do Mercosul.
Benefícios gerais dos acordos para o comércio exterior brasileiro
Acesso ampliado a mercados estratégicos na Europa
Ambos os acordos ampliam significativamente o acesso do Brasil a mercados europeus expressivos, reduzindo a dependência comercial de poucos parceiros tradicionais e facilitando fluxos comerciais bilaterais.
Redução de tarifas e barreiras comerciais
A eliminação ou redução progressiva das tarifas aumenta a competitividade dos produtos brasileiros, reduzindo custos para exportadores e importadores, além de simplificar processos alfandegários e promover transparência.
Estímulo para investimento estrangeiro e competitividade
A segurança jurídica e o acesso a tecnologias facilitados pelos acordos são motores para atração de investimentos estrangeiros, impulsionando a modernização industrial e incremento da produtividade.
Desafios e adaptações para empresas e governo brasileiro
Implementação das normas ambientais e sociais (ESG)
As exigências ambientais da União Europeia colocam o Brasil na necessidade urgente de avançar em práticas sustentáveis e transparência nas cadeias produtivas para garantir a entrada e permanência nos mercados.
Necessidade de melhorias em infraestrutura e logística
Para aproveitar plenamente os benefícios, há demanda por aprimorar infraestrutura portuária, rodoviária e processos aduaneiros que ainda limitam a agilidade e aumentam os custos do comércio exterior brasileiro.
Competitividade frente a concorrentes globais
Apesar das vantagens tarifárias, o Brasil enfrentará competição de outros mercados globais que já possuem acordos com a União Europeia e a EFTA, exigindo modernização, inovação e capacitação para se destacar.
Perspectivas econômicas e crescimento de exportações
A expectativa é de aumento significativo nas exportações brasileiras, com previsão de crescimento acima de 5% ao ano nos setores mais beneficiados, impulsionando PIB e geração de empregos.
Potencial de integração regional e globalização
Os acordos fortalecem o Mercosul como bloco regional, ampliando sua relevância e capacidade de negociar em cadeias globais de valor, além de estimular parcerias estratégicas além da Europa.
Tendências para os próximos anos em política comercial
O Brasil deverá continuar buscando ampliar sua rede de acordos comerciais, adotando políticas públicas para melhor ambientação regulatória, sustentabilidade e digitalização para competir globalmente.
Com a implementação desses acordos, 2025 ficará marcado como um ano histórico para o comércio exterior brasileiro, que avança em direção a mercados mais diversificados, sustentáveis e integrados internacionalmente, apesar dos desafios exigidos para estar à altura dessas novas oportunidades.